quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Apesar da alta do desemprego, inflação não recua. Política econômica só faz piorar a economia

por Almir Cezar

A taxa de desemprego no trimestre encerrado em julho de 2015 foi estimada em 8,6%, ficando acima da taxa medida no mesmo período do ano anterior (6,9%) e superando também a taxa do trimestre encerrado em abril de 2015 (8%). Esta é a maior taxa da série histórica do indicador, iniciada em 2012. Apenas neste ano, o número de pessoas desocupadas subiu 1,8 milhão.

Os burocratas da equipe econômica do Governo estão contentes com o desemprego com isso, pois ade acordo com a cartilha que eles seguem se atingiria a meta de inflação mais rapidamente, à medida que forte queda no percentual de emprego pressiona para baixo os preços devido a queda nos salários (logo, dos custos), da demanda agregada e do poder de compra. Assim, os preços tenderiam a baixar, convergindo para a meta - meta esta que eles mesmos definiram no Conselho Monetário Nacional (CMN).

As projeções para a inflação estão acima do centro da meta, 4,5%. E no caso de 2015, a estimativa supera também o teto da meta, 6,5%. Para tentar levar a inflação ao centro da meta em 2016, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros, a Selic, por sete vezes consecutivas. Na reunião de setembro, o Copom optou por manter a Selic em 14,25% ao ano. Porém, não é isso que esta acontecendo.

E a política econômica também está empurrando cada vez mais o país para recessão. A projeção de queda da economia tem 12ª piora seguida. A economia brasileira deve encolher 2,85%, este ano, de acordo com a projeção de instituições financeiras consultadas pelo Banco Central. Essa foi a 12ª piora consecutiva na estimativa para a queda do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país. Na semana passada, a estimativa estava em 2,8%. No próximo ano, a retração deve ser menor: 1%, a mesma projeção anterior.

Na verdade a política econômica pode estar contribuindo para geração de mais inflação. Com a sua política de tarifa públicas "reais", aumentando combustíveis, energia, e ainda os aumentos de impostos, todos repassados ao consumidor pelas empresas. O aumento da taxa de juros apesar de desestimular o consumo, também gera ganhos de renda a um setor da população (donos dos títulos da dívida), e traz achatamento da capacidade produtiva, e logo da oferta, devido à desincentivo a investimento produtivo. Há ainda a alta do dólar, que eleva preços dos produtos importados e os custos das matérias primas e equipamentos vindos do exterior, também repassados aos preços finais.

Desemprego alto - A taxa de desemprego no trimestre encerrado em julho de 2015 foi estimada em 8,6%, ficando acima da taxa medida no mesmo período do ano anterior (6,9%) e superando também a taxa do trimestre encerrado em abril de 2015 (8%). Esta é a maior taxa da série histórica do indicador, iniciada em 2012. Apenas neste ano, o número de pessoas desocupadas subiu 1,8 milhão.

O nível de emprego na construção civil recuou 1,55% em agosto na comparação com o mês julho. É a 18ª queda consecutiva do indicador. Em 12 meses, o número de demitidos na construção em todo país foi 446,9 mil trabalhadores. O número é do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo e da Fundação Getúlio Vargas, com base em informações do Ministério do Trabalho e do Emprego.

Os piores resultados anuais foram observados no Centro-Oeste (-16,36%), onde a retração do mercado no Distrito Federal responde pela maior parte dos postos fechados. E no Norte (-14,06%), prejudicado pelo fim das obras de Belo Monte e o adiamento das obras da usina hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, no Pará. Com base nesses dados, o sindicato projeta corte de 535 mil postos de trabalho no setor em 2015, queda de 11% em relação ao mesmo período de 2014. Por falta de perspectivas, a indústria da construção está descendo ladeira abaixo e desempregando, o que é péssimo para o país.

Inflação não recua - As estimativas para a inflação pioram a cada dia. A estimativa do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu pela terceira vez seguida, ao passar de 9,46% para 9,53%, este ano. Para 2016, no nono ajuste seguido, a projeção passou de 5,87% para 5,94%.

A inflação para famílias com renda até 2,5 salários mínimos, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1), acumulou, em setembro deste ano, taxa de 10,4% no período de 12 meses. A taxa é superior à observada pelo Índice de Preços ao Consumidor Brasil (IPC-BR), que mede a inflação para todas as faixas de renda e acumula aumento de preços de 9,56% em 12 meses.

Depois de baixar de 0,85% para 0,56%, na virada de julho para agosto, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), medido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), na cidade de São Paulo, alcançou 0,66%, no fechamento de setembro. Desde janeiro deste ano, a inflação medida pela Fipe acumula aumento de 8,06% e, desde setembro do ano passado, 9,76%.

As projeções para a inflação no caso de 2015 estão acima do centro da meta, 4,5%, e do teto da meta, 6,5%. Para tentar levar a inflação ao centro da meta em 2016, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros, a Selic, por sete vezes consecutivas. Na reunião de setembro, o Copom optou por manter a Selic em 14,25% ao ano.

Preços em alta - Apenas no mês de setembro, o IPC-C1 ficou em 0,48%, acima do 0,06% registrado em agosto. Seis das oito classes de despesa que compõem o índice apresentaram alta na taxa. Um dos principais responsáveis foi a alimentação, que passou de uma deflação (queda de preços) de 0,36% em agosto para uma inflação de 0,2% em setembro.

Os gastos com vestuário também passaram de uma deflação (com taxa de -0,26%), em agosto, para uma inflação (0,83%). A alta de preços com habitação avançou de 0,18% em agosto para 0,88% em setembro. A classe de despesas educação, leitura e recreação manteve a taxa de 0,34% nos dois meses, já a inflação de saúde e cuidados pessoais caiu de 0,59% para 0,39%.

A projeção para a alta dos preços administrados passou de 15,50% para 15,55%, este ano, e de 5,92% para 6%, em 2016. Para piorar, a Petrobras informou, na noite desta terça-feira (06/10) que decidiu reajustar os preços de venda de seus combustíveis nas refinarias. Os reajustes são de 6% na gasolina e de 4% no óleo diesel.

Os aumentos já valem a partir desta quarta-feira e são em valores médios no Brasil. "Os preços da gasolina e do diesel, sobre os quais incide o reajuste anunciado não incluem os tributos federais Cide e PIS/Cofins e o tributo estadual ICMS", especificou a estatal em nota. A recomposição de preços é uma estratégia da companhia para recuperar sua situação financeira e permitir que possa manter os investimentos previstos.

Com informações: Agência Brasil

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