quarta-feira, 27 de abril de 2016

O Olavismo Cultural e a Pós-modernidade de direita na Economia

Ensaio sobre a Pós-Modernidade de Direita nº 4

por Almir Cezar Filho


Justamente por ser economista de formação e profissão tenho observado que, enquanto muitos usam seus perfis do Facebook para denunciar os males da conspiração do "Marxismo Cultural": eu denuncio que o maior perigo para a vida social contemporânea é o "Olavismo Cultural". Versão de direita do Pós-modernismo - ainda mais perigoso do que o de esquerda. Se na Esquerda o Pós-modernismo faz seu estrago, não seria diferente na Direita brasileira. E a Economia não ficaria imune.

Caracterizo o Olavismo Cultural pela rejeição ao Liberalismo Clássico e Neoclássico e ao Socialismo (falsamente ditos simétricos); cretinice anti-acadêmica, intelectual e cultural; paixão por um liberismo econômico radical (laissez-faire) e conservadorismo moral e político exacerbados; antirracionalismo metodológico; o discurso raivoso contra as minorias e segmentos que se opõe ao senso comum ou enfrentam o status quo; e rejeição ou ceticismo à Ciência convencional, especialmente às Ciências Sociais, supostamente dominada pelo tal "Marxismo Cultural", uma pseudoconspiração comunista, denunciada à maneira macartista(1) pelos olavistas culturais.

O Olavismo Cultural possui várias matizes no Brasil que não se resumem ao astrólogo e filósofo autodidata Olavo de Carvalho, talvez apenas o mais icônico. Outros nomes de figuras proeminentes talvez sejam mais conhecidos pelo grande público, como o ex-roqueiro Lobão, o ex-crítico de arte Diogo Mainardi, os colunistas Reinaldo Azevedo, Rodrigo Constantino, que fazem a "cabeça" de vários facebookianos. Todos esses com uma inserção na internet e nas mídias tradicionais empresarial. E com estilo retórico e lógico muito similares. Radical de forma, conservador de conteúdo. Raivoso, recheado de autorreferências e proclamador da legitimidade do senso comum como verdade.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Liberdade e Capitalismo

Ensaio sobre a Pós-Modernidade de Direita nº 3

por Almir Cezar Filho

É facilmente afirmável que o Capitalismo tem fracassado, ou ao mínimo tem dificuldades, em generalizar as liberdades enaltecidas por seus porta-vozes, os economistas e demais filósofos sociais burgueses.

A Grã-Bretanha, por exemplo, jamais levou ao seu império a liberdade econômica e as liberdades civis de que gozam os habitantes das Ilhas Britânicas. Nos EUA há milhões cuja cidadania é apenas de segunda classe — negros, hispano-americanos e membros de grupos minoritários, o que inclui não só outros grupos raciais ou mesmo religiosos, mas também, outros tipos de grupos, como os homossexuais e as mulheres — cujos pretensos direitos constitucionais são constantemente pisoteados de formas por vezes claras e óbvias e por vezes ocultas e obscuras.

Em suma, até a mais livre sociedade capitalista pratica formas de discriminação que envolvem a redução das liberdades de alguns dos seus membros ou dependentes. Haverá razão para se acreditar que essa discriminação resulte da própria essência do sistema capitalista.

A discriminação e as opressões estão associados aos elementos mais básicos do sistema capitalista, o principio da extração de mais-valia e acumulação de capital. Do ponto de vista econômico, a discriminação é lucrativa; e, por assim ser, sobrevive e reaparece a despeito de todos os esforços porventura desenvolvidos para a sua abolição.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Tiradentes e os rebeldes

A atualidade da homenagem em um época que ainda não se purgou os crimes do autoritarismo

por Almir Cezar Filho

Hoje é dia de Tiradentes. Um feriado para homenagear um rebelde que lutou contra um estado tirânico. Torturado na prisão, morreu após um julgamento forjado, e teve nem seu corpo o direito a um velório e sepultura digna por sua família. Isso lembra alguma coisa?. Nada mais atual do que essa homenagem em um época que ainda não se purgou os crimes do autoritarismo.

Pois bem, muitos dos homens "de bem" de hoje que o homenageiam não fazem a conexão. Na década de 1960/70, com os direitos civis cerceados homens e mulheres se enfrentaram com uma ditadura sanguinária que matou, torturou, prendeu, cassou e exilou não apenas os comunistas, mas qualquer um que estivesse em sua mira. Hoje os rebeldes contra a Ditadura são caluniados.