quinta-feira, 24 de novembro de 2016

PEC é recessiva e aprofundará desigualdades. Problema foi a queda nas receitas

Jornal do Senado | Brasília, quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Especialistas participaram de sessão temática para debater a proposta, que ontem passou pela 4ª sessão de discussão em Plenário. Votação em 1º turno está prevista para terça-feira

O Senado fez ontem uma sessão temática de debates sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55/2016, que limita os gastos públicos por 20 anos. Com quase quatro horas de duração, a sessão reuniu especialistas no tema. 

Problema foi a queda nas receitas, avalia Rugistsky

A crise fiscal é fruto da desaceleração econômica e de desonerações praticadas nos últimos anos, que causaram uma queda na arrecadação, e não de um suposto “descontrole” nos gastos públicos, afirmou na sessão temática o economista Fernando Rugitsky, da Universidade de São Paulo (USP).

Rugitsky mostrou que entre 1996 e 2011 a economia brasileira produziu superávits primários  sistemáticos entre 2,5% e 3% do PIB. Essa relação começa a declinar a partir de 2012, como consequência da desaceleração.


Os dados indicam que não houve descontrole de gastos durante o primeiro mandato de Dilma, quando eles aumentaram a uma taxa de 5% ao ano. 

— Menos do que os dois governos Lula e uma taxa idêntica à da segunda gestão de Fernando Henrique. Na verdade, a diminuição do gasto público foi uma das causas, junto com as desonerações, para a queda nas receitas — disse. 

Para ele, o caminho para superar a crise passaria pela adoção de políticas de retomada do crescimento, e não no “contracionismo”: — Podemos cair num círculo vicioso, pois o corte de gastos desacelera a atividade econômica, o que reduz a arrecadação. Isso piora o deficit primário, o que levaria a novos cortes. Rugitsky afirmou que o Brasil é “uma das sociedades mais desiguais do mundo” e que a PEC aprofundará esse fosso no que se refere a saúde e educação, se comparados os setores público e privado.

Ele defendeu uma reforma tributária que reinstitua o imposto sobre lucros e dividendos distribuídos
como alternativa com efeitos mais imediatos e sem o viés recessivo da PEC 55.

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