quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Os 90 anos de 'A Nova Econômica' de E. Preobrazhensky

por Almir Cezar Filho

O ano 2016 pareceu ser um ano tão longo de eventos, numa torrente de eventos novos e avassaladores, que os jubileus a serem celebrados simplesmente passaram desapercebidos. Um deles foi os 90 anos de lançamento do livro A Nova Econômica, do economista e revolucionário russo Eugeny Preobrazhensky (1926), um marco no Marxismo, na Economia, na teoria do desenvolvimento econômico e da transição ao Socialismo. Vamos falar um pouco de Preobrazhensky, seus aporte, especialmente desse livro.

Uma das maiores contribuições de Preobrazhensky para Economia é o chamado Teorema de Preobrazhensky. O Teorema descreve o fato que países agrodependentes e pouco industrializados, que passam regularmente por períodos de forte crescimento econômico interno em base a consumo de bens industriais, vivenciam fortes desajustes macroeconômicos, especialmente, câmbio, inflação e balanço de pagamentos.

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

A Economia e o Espaço. Existe valor no espaço?

Um ensaio de Economia Política
por Almir Cezar Filho

Existe valor no espaço? Ele tem preço. Pode-se comprar ou vender o "espaço"? Para analisar esta questão é preciso uma abordagem em termos da Economia Política.

A Economia Política trata de poder. De como o poder organiza a produção, distribuição e consumo de bens e serviços. E por sua, como a organização da produção e o acesso aos recursos produtivos estrutura o Poder. Portanto, a Economia Política, tanto é uma metodologia na Economia, como surge como primeira manifestação, forma, da Economia como ciência organizada.

Ainda em sua origem a terra e o espaço foram temas a se analisar e teorizar. O quanto os preços, os lucros variam no espaço. Quanto a preço da terra e a produtividade varia no espaço e impactam na produção e preço dos produtos finais. 

O espaço não tem valor. O espaço não pode ser confundido com "terra", tanto, na qualidade de superfície, como, a de solo e/ou subsolo. Tem mais a ver com localização, em verdade não com local, mas com "conjunto de locais". Portanto, muito mais próximo e equivalente ao "tempo".

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Um pouco mais sobre Antipositivismo, Metafísica e Mercado na Direita Pós-Moderna

Ensaios sobre a Pós-Modernidade de Direita nº 13 (Parte II)
por Almir Cezar Filho

Um dos traços marcantes da nova direita que emerge é uma profunda propaganda ideológica à respeito do tal "mercado". O gradual repúdio epistemológico ao Positivismo, central na Pós-Modernidade (inclusive à Direita),  levou ao progressivo retorno filosófico às formas marcante do período que antecedeu a Modernidade, até mesmo em base metafísica.

Dessa maneira, mais do antes, personifica-se  o Mercado, e reforça-lhe o caráter de entidade suprema ordenadora da vida social e orientadora da vida individual,  deificando-lhe, como nunca o foi no Liberalismo durante a Modernidade.

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Dívida cresce 4 vezes mais que inflação em 12 meses

jornal Monitor Mercantil | coluna Fatos & Comentários  | 19 dez. 2016

A dívida líquida do governo cresceu em 12 meses (até outubro de 2016, último dado disponível) 34,8%, quase quatro vezes o registrado pela inflação no período (8,76%, pelo IPCA), passando de R$ 2,095 trilhões para R$ 2,824 trilhões, um pulo de R$ 729 bilhões. Se a equipe econômica aplicasse à dívida pública o mesmo limite que impôs às despesas não financeiras, o débito líquido teria se limitado a R$ 2,278 bilhões, um valor R$ 546 bilhões, ou meio trilhão de reais, em relação ao aumento efetivo, turbinado pelos mais altos juros reais do planeta.

Mas, diriam, o governo impõe o torniquete nos gastos não financeiros justamente para continuar cevando os rentistas. Sim, o que não quer dizer que isto é justo, ou mesmo legal. Para os economistas da Auditoria Cidadão da Dívida, o que vem sendo feito – aumento das emissões de papéis para pagar juros, disfarçado de rolagem – contraria a Constituição. É o que a entidade, especialmente Maria Lucia Fattorelli, chama de “sistema da dívida”, que classifica de “mega esquema de corrupção institucionalizado”, com a “utilização desse instrumento [dívida pública] como veículo para desviar recursos públicos em direção ao sistema financeiro”, complementou, em entrevista à CartaCapital.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

(Reforma da Previdência) Perversa e insustentável, proposta privatista de Temer perdeu força pelo mundo

A participação do Estado voltou a ser adotada como solução mesmo em países modelos

Modelos de previdência social privatista, como o Chile,
passam por uma espécie de "re-reforma".
O governo pós-impeachment do presidente Michel Temer (PMDB) apresentou uma reforma privatizante da Previdência Social. Amplia-se as dificuldades para cumprir as exigências para a aposentadoria integral e diminuí ainda mais a participação do Estado no financiamento da Seguridade, com consequente redução dos valores dos benefícios pagos pelo sistema público. Assim, induz-se as pessoas a buscar a previdência privada, tal como ocorre com os planos de saúde.

Enquanto isso pelo mundo as várias experiências internacionais de mesmo teor estão sendo revistas. Isso se vê não apenas nos países desenvolvidos, mas justamente onde os defensores da reforma brasileira apresentam como modelo, como p.ex., o Chile.  E nem lá o viés privatizante foi tão extremo como o proposto por aqui. Vem acontecendo lá e em outros países uma espécie de re-reforma da Previdência Social. 

Em muitos casos, a retomada da participação do Estado no modelo de financiamento se deve não apenas pelos prejuízos sociais, especialmente para evitar o empobrecimento crescente da população idosa. Demonstrou-se financeiramente insustentável (quebrou ou esteve prestes) ou beneficia apenas os bancos e financeiras. O modelo privatista transfere recursos ao capital financeiro e apresenta maior risco para o segurado, que ao contrário dos bancos, o governo não quebra. 

NO MUNDO, OS EFEITOS DA ONDA PRIVATISTA 

Revista Por Sinal (Revista do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central)| Ano 14, nº 53

Várias experiências internacionais de reformas privatizantes da Previdência Social estão sendo revistas. A retomada da participação do Estado no modelo de financiamento foi a saída encontrada para evitar o empobrecimento crescente da população idosa, de acordo com o relatório World Social Protection Report 2014-2015, da Organização Internacional do Trabalho (OIT). O Chile foi o primeiro país a dar um passo atrás na privatização da seguridade. Mas Argentina, Uruguai, Polônia, Hungria e Cazaquistão também estão promovendo a reestatização.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Quando a crise chegou por aqui. Revendo um artigo

por Almir Cezar Filho

Fuga de capitais das economias emergentes, deixando-os
 às voltas com o aumento do juro, do preço do dólar e da
 inflação e, pior, promessas de arrocho fiscal dos governos.
Hoje completou 1.039 dias que escrevi um artigo para o blog da Agência de Notícias Alternativas como parte de minha colaboração regular. Previa - infelizmente se confirmou meses depois - que a partir dali haveria uma reversão do ciclo econômico no Brasil e demais economias emergentes, com desaceleração e mesmo recessão. A partir daquele momento as economias nacionais estariam às voltas com o aumento de suas taxas de juros, do dólar, da inflação e políticas de arrocho fiscal.

A China consegue manter um ritmo invejável de crescimento econômico, contribuindo dessa forma para aliviar a crise econômica mundial. Entretanto, com base em fontes chinesas confiáveis, sabemos que o país se defronta com sérios problemas de poluição, especialmente em suas metrópoles,  e de aguda escassez de água.

A causa deflagradora em 2014 era o anúncio do Federal Reserve (o "Fed", o banco central dos EUA) de corte no seu programa de compras mensais de títulos podres das carteiras dos principais bancos de investimento do país, também conhecido por aqui como “mensalão do Fed”. Essas compras serviam para injetar dinheiro na economia, reduzir a taxa de juros interna e re-estimular a economia através do consumo e do investimento produtivo privado. Porém, parte dessa grana saía do país e era usada para “irrigar” os mercados financeiros e investimentos nos países emergentes.

Em imediato houve fuga nas bolsas, derretimento do valor de mercado de importantes empresas (as empresas X do Eike Batista simplesmente evaporaram...) e desvalorização das moedas. E no fim chegamos a situação que nos encontramos agora. Um ano de estagnação. Dilma chega a se reeleger, mas em dificuldades. Opta por trocar a equipe econômica (entronizando Joaquim "Mãos-de-Tesoura" Levy) e boa parte da determinação política, mergulhando o país em um recessão não vista à décadas.

Leia o artigo original abaixo e confira se não acertei ou não:

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

O que é taxa Selic?

por Almir Cezar Filho

A reunião do Copom do BC define a taxa Selic.
A taxa Selic ou taxa de juros básico é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve como referência para as demais taxas de juros da economia. 

A taxa Selic é fixada em reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), uma junta dos diretores do Banco Central (BC). O Copom se reúne a cada 45 dias.

É a taxa Selic que remunera, por um lado, a maioria dos títulos da dívida pública emitidos pelo Tesouro Nacional e pelo próprio BC. E, por outro, os empréstimos bancários do BC aos bancos comerciais. O sistema Selic é também por onde os bancos operaram empréstimo entre eles.

Ao reajustá-la para cima, o BC tem como objetivo conter o excesso de demanda agregada na economia que pressiona os preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando reduz os juros básicos, o Copom reduz o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas alivia o controle sobre a inflação.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

PIB continua em queda: "eu avisei".

Por Laura Carvalho

Não quero soar como o Joaquim Barbosa, mas a cada número do PIB que sai, dá mesmo vontade de dizer "eu avisei".

Primeiro, o Levy iria resolver. Depois, o impeachment é que iria resolver. Agora, é a aprovação da PEC que vai resolver. Ano que vem, vão dizer que é a Reforma da Previdência que vai resolver.

Enquanto isso, milhões de brasileiros perdem empregos, a violência explode e o caos social se estabelece, sem qualquer perspectiva real de retomada.