Almir Cezar de Carvalho Baptista Filho
ResumoEste artigo examina o fenômeno dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) à luz da teoria marxista do imperialismo. O objetivo é investigar a ascensão dos BRICS como atores geoeconômicos e políticos no cenário mundial e analisar seu papel no sistema capitalista atual. Por meio de uma perspectiva marxista, especificamente, trotskista, serão exploradas questões como o desenvolvimento desigual e combinado, a dependência econômica, a rivalidade entre as potências imperialistas e o impacto dos BRICS nas relações internacionais. Além disso, serão examinadas as diferenças entre os BRICS e outras formações econômicas de crescimento acelerado, como os “países emergentes” (ou de industrialização recente) e os tigres asiáticos. Por fim, o artigo buscará discutir se os BRICS têm o potencial de se tornarem potências imperialistas e quais seriam as implicações para e no sistema global.
Palavras-chaves
BRICS, Imperialismo, Desenvolvimento desigual, Capitalismo trilateral, Rivalidade geopolítica.
I. Introdução
1. Apresentação dos BRICS e sua ascensão no cenário global.
Os BRICS, sigla que representa os países Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, são considerados um grupo de economias emergentes que ganharam destaque nas últimas décadas. O termo, na verdade um acrônimo, originalmente BRICs, sem a letra “S” de South Africa, foi cunhado em 2001 pelo economista Jim O'Neill (2012), do banco Goldman Sachs, para se referir a esses países que apresentavam perspectivas de crescimento econômico promissoras.
Essas nações possuem características comuns que as distinguem de outras economias em desenvolvimento. São países de grande extensão territorial, população significativa, abundância de recursos naturais e um papel relevante em suas respectivas regiões. Além disso, possuem economias diversificadas e com alto potencial de crescimento.
A ascensão dos BRICS como atores econômicos e políticos no cenário mundial tem sido notável. Eles têm experimentado taxas de crescimento econômico acelerado, impulsionados por investimentos em infraestrutura, industrialização, avanços tecnológicos e aumento do comércio internacional. Essa expansão econômica tem resultado em um aumento significativo do poder político e influência desses países no sistema internacional.
Os BRICS têm buscado maior cooperação e coordenação em questões econômicas e políticas, criando mecanismos de diálogo e cooperação, como a Cúpula BRICS e o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD). Essas iniciativas visam fortalecer a presença dos BRICS no cenário global, ampliar seu papel nas instituições financeiras internacionais e promover o desenvolvimento econômico conjunto.
No entanto, é importante ressaltar que a ascensão dos BRICS também tem sido acompanhada de desafios e contradições. Enquanto esses países buscam um maior protagonismo global, enfrentam questões relacionadas ao desenvolvimento desigual, desequilíbrios internos, desafios sociais e ambientais, além de rivalidades geopolíticas entre si e com outras potências.
No contexto da teoria marxista do imperialismo, o fenômeno dos BRICS oferece uma oportunidade interessante para analisar as contradições e dinâmicas do sistema capitalista atual. Através de uma perspectiva leninista e trotskista, podemos explorar as relações de poder, a dependência econômica, as assimetrias de desenvolvimento e o potencial de transformação dos BRICS em potências imperialistas.